Vanessa Fitzgibbon

Vanessa Fitzgibbon

São Paulo, Brazil
Portuguese Literature PhD

Pergunte a qualquer brasileiro, morando no Brasil, qual é um de seus sonhos e ele dirá: “Ter um Natal com neve!” E eu não fui uma exceção. Aquela neve linda, branquinha, romântica, que transmite um ar de paz, prosperidade, beleza, e tudo que parecia existir só em países nobres, civilizados e educados enquanto que nós, pobres latino-americanos, destinados a derreter sob o sol tropical de dezembro, sem mesmo poder conceber algo tão belo como a neve.

Agora pergunte para um brasileiro, morando em um país nobre, civilizado, nórdico, qual é um dos seus sonhos e ele dirá: “Voltar para o Natal para aquela terra quentinha, alegre, feliz, com ritmo, com dança, com ginga, que tem uma comida saborosa e fugir deste frio que me deixa azedo, deprimido, triste…” E você pode perguntar novamente: “Mas não era você que sonhava em ter um natal com neve?” E ele responderá simplesmente: “Pois é…”

A vida parece ter um senso de humor bastante interessante, principalmente no meu caso. Lembro-me sendo uma dessas brasileiras, cujo maior sonho era ver neve e morar em um lugar em que o calor fosse mínimo e pudesse respirar o ar civilizado e nobre que o frio transparece. Hoje, olho pela janela e estou em um desses lugares: o cume das montanhas está branco, congelado e com neve, o lago congelado com o frio, as pessoas congeladas em seus mundos e isoladas por sua frieza. E eu, com minhas lágrimas de saudades, congeladas em meu rosto…


Ask any Brazilian living in Brazil what one of her dreams is and she will answer: “To have a white Christmas!” I was not the exception. That white, beautiful and romantic snow that gives off a sense of peace, prosperity and beauty is what I thought only existed in civilized and educated countries; while we, poor Latin Americans, had to melt in the scorching tropical sun of December without being able to conceive of something as beautiful as the snow.

Now, ask any Brazilian living in a noble, civilized and Nordic country what is one of her dreams and she will answer: “To go back during Christmas to that warm, joyful, happy, rhythmic place on the earth with its dances, its cadence, its delicious food, and run away from this cold that makes me depressed, sour and sad.” And then you could ask her back: “Weren’t you the one that wanted to have a white Christmas?” And she will respond: “Well, I was…”

Life seems to have a very interesting sense of humor, especially in my case. I remember being one of those Brazilians, whose biggest dream was to see the snow and to live in a place where the heat was kept to a minimum so I could breathe, finally, the civilized and noble cold air. Today, I look out my window and I’m in one of these places: the top of the mountain is white, frozen with snow. The lake has frozen. The people are frozen in their own worlds; isolated because of their coldness. And here I am, with nostalgic tears frozen in my face…